DOS JORNAIS DE HOJE: As capas dos jornais destacam fatos bem variados, mas todos relacionados à epidemia: a semana decisiva para o inquérito no STF sobre Moro e Bolsonaro, na Folha; o avanço rápido do coronavírus para o interior do Rio de Janeiro, no Globo; investigações relacionadas a compras de respiradores, no Estadão e a negociação de uma dívida da União com governos estaduais para fazer chegar dinheiro aos cofres dos estados.
A Folha é o jornal que adota tom mais crítico a Jair Bolsonaro em todos os seus textos. No entanto, as críticas consistem em apontar contradições e hipocrisias, mas não trazem questionamentos contundentes. O jornal chama atenção para um material publicado pela comunicação do governo que tem semelhança com mensagens utilizadas pelo nazismo. O jornal também entrevista acadêmicos sobre os posicionamentos que os militares vêm tomando diante dos posicionamentos autoritários e antidemocráticos de Jair Bolsonaro. Os pesquisadores consideram que o simples fato de as Forças Armadas se verem obrigadas a realizar pronunciamento já é algo preocupante. A Folha de S. Paulo publica ainda reportagens sobre o avanço do coronavírus e do número de mortes em presídios de São Paulo e do Rio de Janeiro.
O jornal O Estado de S. Paulo aborda o surgimento de uma série de projetos em assembleias legislativas para tentar aplicar punições para quem compartilhar e produzir fake news relacionadas à pandemia. Pesquisadores ouvidos pela reportagem consideram que as medidas podem colocar em risco a liberdade de expressão e a prática do jornalismo. O Estadão também publica reportagens sobre o avanço do coronavírus para o interior do estado de SP e sobre possíveis complicações nas contas de prefeituras. No entanto, a reportagem parece mais uma pressão por manutenção da austeridade.
O Valor Econômico noticia o plano do governo para liberar o caixa dos governos estaduais, mais um que demora para se tornar realidade enquanto a epidemia avança pelo país. O jornal também publica reportagem sobre o declínio de Sergio Moro e como o ex-ministro pode ser alvo de uma CPI na Câmara.
Os jornais mantêm o silenciamento das ideias progressistas ao mesmo tempo em que evitam nomear Jair Bolsonaro como um político de extrema-direita, da mesma forma, os textos publicados não apontam a associação das Forças Armadas à extrema-direita. Embora não permitam a abertura de espaço para ideias da esquerda e do setor progressista, os jornais direcionam críticas à esquerda. Na edição de hoje, o Estadão pública texto sobre o ex-presidente Lula. O jornal considera que Lula deixou de ter protagonismo.