DOS JORNAIS DE HOJE: Os quatro veículos analisados destacam
em suas capas medidas administrativas do governo que, evidentemente, não são motivo de debate nas reportagens que se restringem a textos relatoriais. O único que difere é o Globo que, mais uma vez, anuncia a retomada da economia. Desde o golpe de 2016, o jornal carioca já fez esse anúncio algumas vezes, mas a retomada nunca se concretizou.
Folha e Valor Econômico destacam mudanças anunciadas pelo Banco Central que vão afetar as atividades dos bancos no Brasil. A Folha informa que o BC está abrindo espaço para que sejam abertas contas em dólar no país e o Valor informa que o monopólio cambial dos bancos vai acabar no Brasil. O Estadão, por sua vez, trata da reforma administrativa e de como ela deve cortar benefícios dos servidores.
Enquanto medidas econômicas são anunciadas pelos jornais sem que sejam contextatualizadas com a realidade da maior parte dos brasileiros, em Brasília a temperatura sobe. De acordo com reportagem da Folha, Jair Bolsonaro recebeu recomendação para não conceder mais entrevistas e nem realizar os "cafés da manhã" com jornalistas como vinha fazendo. O motivo dessa mudança é a publicação de reportagens que apontam a possibilidade de caixa dois e uso do "laranjal do PSL" para financiar a campanha do presidente. O assunto é mais aprofundado pela Folha de S.Paulo, mas o Valor também informa que o TCU vai analisar a contratação ilegal de policiais militares para escoltar Bolsonaro durante a campanha. Diante das suspeitas, Bolsonaro avançou sobre os jornalistas e questionou se querem derrubá-lo.
A temperatura aumenta dentro do próprio governo. Após policiais federais demonstrarem insatisfação com Sergio Moro, os militares estariam insatisfeitos com a demissão do general que presidia o Incra. A situação coloca o agronegócio bolsonarista e os militares em rota do colisão, informa o Estadão. O jornal noticia também que o chefe do setor de índios isolados pediu demissão da Funai. No Legislativo, Senado e Câmara estão em pé-de-guerra, segundo O Globo, porque disputam verbas do governo federal.
Já sobre a situação social brasileira, O Valor Econômico investiga a causa da redução dos índices de homicídio no país. Os especialistas ouvidos levam em consideração elementos como mudanças demográficas e rearranjos das facções criminosas. Reportagem da Folha de S. Paulo mostra que as mulheres negras são as maiores vítimas do desemprego. O jornal trata também do crescimento evangélico na região Norte do Brasil e do Sínodo da Amazônia.