DOS JORNAIS DE HOJE: O resultado eleitoral das prévias na Argentina preocupou os analistas de mercado no Brasil que consideram a volta do kirchnerismo como um sinal do retorno do protecionismo no país vizinho. Essa lógica foi seguida pela imprensa tradicional brasileira que noticiou exatamente a preocupação dos analistas de mercado como se esta fosse factual e ignorando totalmente a situação atual da economia argentina. A notícia que caiu como uma bomba para os "amigos do mercado" abafou a importância da nova queda nas projeções de crescimento da economia brasileira. Há possibilidade de recessão técnica, mas os analistas dizem que também há chance de crescimento no segundo 2º semestre, o que impediria nova retração da economia brasileira.
A realidade construída pela imprensa é confusa, mas parece ter objetivos claros. Enquanto Jair Bolsonaro fala absurdos e coloca em risco acordos, como por exemplo com Alemanha e Noruega, e utiliza uma retórica transloucada contra a defesa do meio ambiente, as reformas liberais que retiram direitos do trabalhador e do cidadão avançam através das reformas e de MPs como a da Liberdade Econômica. A intenção da grande imprensa é possibilitar que essas reformas aconteçam. O preço a ser pago pela sociedade ainda não foi anunciado e, certamente, não será.
Até lá, aparecem alguns avisos de que o caminho trilhado não nos leva em boa direção. O estadão publica entrevista com a senadora Kátia Abreu que diz ter aprendido sobre a importância de se preservar o meio ambiente e a Amazônia. Para a senadora, os produtores que hoje sorriem, vão chorar amanhã porque o desmatamento prejudica o próprio agronegócio. Já o Valor Econômico publica trechos de uma reportagem com o presidente da Academia Brasileira de Ciências que afirma ser uma realidade a "fuga de cérebros". Ele alega que Bolsonaro prometeu investir 3% do PIB em ciência e tecnologia, mas faz o contrário disso. A avaliação é de que o estrago pode ser irreversível e que o projeto "future-se" não servirá para nada se os repasses governamentais não forem retomados.
A notícia de que Sérgio Moro orientou a força-tarefa da Lava Jato a não apreender celulares de Eduardo Cunha, teve pouco espaço. Apenas a Folha noticiou, mas em um texto muito curto.